terça-feira, 11 de abril de 2017

Depois do sol... Cecília Meireles




Fez-se noite com tal mistério,
Tão sem rumor, tão devagar,
Que o crepúsculo é como um luar
Iluminando um cemitério . . .
Tudo imóvel . . . Serenidades . . .
Que tristeza, nos sonhos meus!
E quanto choro e quanto adeus
Neste mar de infelicidades!
Oh! Paisagens minhas de antanho . . .
Velhas, velhas . . . Nem vivem mais . . .
— As nuvens passam desiguais,
Com sonolência de rebanho . . .

Seres e coisas vão-se embora . . .
E, na auréola triste do luar,
Anda a lua, tão devagar,
Que parece Nossa Senhora
Pelos silêncios a sonhar...

A verdadeira estrada - Viviane Kalyne




Moço, não estou tentando roubá-la de você,
Só entenda que pelo meu coração não posso escolher.
Estou nessa estrada sozinha há muito tempo,
Meus pais não aceitam, dizem que é coisa de momento.
Me diz você, moço. Por ser uma mulher, eu sou obrigada a ter uma família tradicional?
Me diz, moço. Eu não posso amar a sua filha porque você é intolerante a todas as formas de amor?
Não seja irracional, posso até te entender mas prefiro acreditar que está sendo protetor.
Esse amor não vai acabar só porque você não consegue aceitar.
Entenda, moço. Ser lésbica não é errado.
Errado é você pensar que nos xingar vai fazer a gente parar de se amar.
Respeite as diferenças do amor e por favor só volte aqui quando perceber que ela caminha na mesma estrada que a minha e que não é você que escolhe, moço, porque ela já escolheu.

A dona do sorriso dela não é nenhum homem, sou eu.