terça-feira, 31 de outubro de 2017

Naquela esquina - Bruna Maria Neves Rodrigues




           Todos os dias, ao passar ali, paro e penso: “a nossa vida é assim, em cada esquina uma esperança. Mas como podemos saber se aquele era a esquina certa? Ariscar e tentar...”
            É assim que começa uma nova história, a cada esquina uma aprendizagem. 
            E um certo dia, eu ali parada observando o vai e vem das pessoas, deparei-me com alguém diferente, alguém que quando você olha nos olhos, sente realmente algo novo. Então ao observar a expressão daqueles jovens, parecia que ali, exatamente ali, nua esquina sem luxo, sem passar reis e rainhas, ali naquela simples avenida, existiu algo que em nenhuma outra havia acontecido. 
            Então ali surge uma nova esperança, mas como a vida real não como um conto de fadas, nem todos têm final feliz.  E como acontece com todos, com aquele casal não seria diferente, eu via ali uma esperança de uma mudança, porém são ingênuos, e sem saber o que a vida lhe reservava, mas eu ali de longe acompanhava aqueles dois, a cada passo. 
            E nua certa noite, lua brilhava clareando toda aquela terra e sem delongas partiram os dois para viver, sem ninguém os atrapalhar, mas não sabiam o que a próxima esquina esperava, sem rumo, sem saber o que fazer ou pra onde irem, foram arriscar o mundo lá fora. Ao chegar num certo lugar, homens avistaram, sem saber o que eles queriam, não veio com conversa fiada, foi logo puxando o gatilho dizendo as seguintes palavras: “Nessas terras o amor não existe, trate de voltar pra onde vinheram, porque se de lá já fugiram, aqui não vão querer passar por perto, pegue suas tralhas e faça “finca pé”. Dalí saíram os jovens, sem saber o que fazer na esquina errada, eles foram se meter.  
            Ao andar mas um pouco chegaram a um local, sem saber se lá era certo, trataram de virar, aquela esquina sem rumo eles foram entrar.  Chegaram a imaginar que fizeram o pior erro de suas vidas, ao se apaixonar. Com uma bala perdida sem saber de onde vinha o jovem ao chão caiu,  derramando uma lágrima  e dizendo pra sua amada, “fuja saia daqui, proteja nosso futuro, e não deixe acabar aqui”.

            Sem saber o que aconteceu aqui deixo a vocês, o que acha que aquela jovem fez, se fugiu ou se lutou pela história.  Se naquela esquina morreu a esperança de dois jovens.                                         Bruna Maria Neves Rodrigues   

O herói covarde - Lídia Hadija Alves de Souza



              Um menino de 7 anos chega para seu pai e lhe faz a seguinte pergunta:
            - Papai, o senhor já quis ser uma mulher?
            O pai como bom conservador do padrão o respondeu:
            - Mas que absurdo é esse meu filho, desde quando eu um cabra macho já pensou em ser mulher?! Mas qual motivo da pergunta?
            O menino envergonhado responde:
            -É porque ontem estava brincando no seu quarto e peguei uma roupa da mamãe para vestir e ... bem eu gostei mais do que usar minhas roupas.
            - Ora, o que é isso, desde quando filho meu gosta de usar roupa de mulher? Você é macho meu filho! Pare com essa besteira, não quero mais você vestindo roupa de mulher.
            O tempo passou e o menino já estava prestes a completar 16 anos e pede um presente a mãe que por consciência do destino seu pai acaba escutando.
            - Mãe, não consigo mais me encarar com esse corpo, sinto que não faço parte dele. Gosto de ser uma menina, me deixa, mãe, ser uma menina.
            O pai entra com muita raiva na sala e grita:
            - O que? Você é homem! Não irei admitir esse tipo de baixaria na minha casa.
            -Mas pai...
            - Mas nada, se você quer se vestir como mulher ou o que quer que seja, não será mais meu filho.
            - Pai...
            - Chega, se você quer se vestir como mulher não vai ser na minha casa.
            - Então eu estou indo embora, mas antes saiba que sempre o enxerguei como um herói.
            Então com lágrimas nos olhos o filho partiu.
            Depois de dois dias, chega a notícia da morte do menino. Ele se matou, porque o pai, ou melhor Eu, não fui capaz de ser o herói que o meu filho sempre enxergou, pois na hora mais difícil da sua vida eu lhe abandonei. Hoje, sei que é tarde para dizer, mas aceitaria meu filho como ele desejaria ser, sem se importar se era “o” ou “a” ou mesmo o alfabeto inteiro, só desejaria ter meu filho para eu ser o herói que ele tanto merecia
                                            LÍDIA HADIJA ALVES DE SOUZA -1°ANO MATUTINO