terça-feira, 31 de outubro de 2017

O herói covarde - Lídia Hadija Alves de Souza



              Um menino de 7 anos chega para seu pai e lhe faz a seguinte pergunta:
            - Papai, o senhor já quis ser uma mulher?
            O pai como bom conservador do padrão o respondeu:
            - Mas que absurdo é esse meu filho, desde quando eu um cabra macho já pensou em ser mulher?! Mas qual motivo da pergunta?
            O menino envergonhado responde:
            -É porque ontem estava brincando no seu quarto e peguei uma roupa da mamãe para vestir e ... bem eu gostei mais do que usar minhas roupas.
            - Ora, o que é isso, desde quando filho meu gosta de usar roupa de mulher? Você é macho meu filho! Pare com essa besteira, não quero mais você vestindo roupa de mulher.
            O tempo passou e o menino já estava prestes a completar 16 anos e pede um presente a mãe que por consciência do destino seu pai acaba escutando.
            - Mãe, não consigo mais me encarar com esse corpo, sinto que não faço parte dele. Gosto de ser uma menina, me deixa, mãe, ser uma menina.
            O pai entra com muita raiva na sala e grita:
            - O que? Você é homem! Não irei admitir esse tipo de baixaria na minha casa.
            -Mas pai...
            - Mas nada, se você quer se vestir como mulher ou o que quer que seja, não será mais meu filho.
            - Pai...
            - Chega, se você quer se vestir como mulher não vai ser na minha casa.
            - Então eu estou indo embora, mas antes saiba que sempre o enxerguei como um herói.
            Então com lágrimas nos olhos o filho partiu.
            Depois de dois dias, chega a notícia da morte do menino. Ele se matou, porque o pai, ou melhor Eu, não fui capaz de ser o herói que o meu filho sempre enxergou, pois na hora mais difícil da sua vida eu lhe abandonei. Hoje, sei que é tarde para dizer, mas aceitaria meu filho como ele desejaria ser, sem se importar se era “o” ou “a” ou mesmo o alfabeto inteiro, só desejaria ter meu filho para eu ser o herói que ele tanto merecia
                                            LÍDIA HADIJA ALVES DE SOUZA -1°ANO MATUTINO 




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