Poema: A Flor de cárcere
Nascera ali no limo viridente
Dos muros da prisão como uma esmola
Da natureza a um coração que estiola _
Aquela flor imaculada e olente...
E 'ele' que fora um bruto, e vil descrente,
Quanta vez, numa prece, ungido, cola
O lábio seco, na úmida corola
Daquela flor alvíssima e silente!...
E ele que sofre e para a dor existe
Quantas vezes no peito o pranto estanca!...
Quantas vezes na veia a febre acalma,
Fitando aquela flor tão pura e triste!...
Aquela estrela perfumada e branca,
Que cintila na noite de sua alma...
[1884]
[Publicado na "Revista da Família Acadêmica", número 1, Rio de Janeiro, novembro de 1887.]
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