domingo, 19 de agosto de 2012

A flor de cárcere-Euclides da Cunha

Poema: A Flor de cárcere



Nascera ali  no limo viridente
Dos muros da prisão como uma esmola
Da natureza a um coração que estiola _
Aquela flor imaculada e olente...

E 'ele' que fora um bruto, e vil descrente,
Quanta vez, numa prece, ungido, cola
O lábio seco, na úmida corola
Daquela flor alvíssima e silente!...

E ele  que sofre e para a dor existe
Quantas vezes no peito o pranto estanca!...
Quantas vezes na veia a febre acalma,

Fitando aquela flor tão pura e triste!...
Aquela estrela perfumada e branca,
Que cintila na noite de sua alma...
[1884] 
[Publicado na "Revista da Família Acadêmica", número 1, Rio de Janeiro, novembro de 1887.] 

Nenhum comentário:

Postar um comentário